há
um ano, exatamente, eu pisava na Índia pela primeira vez.
acordei
com saudades de tentar explicar o que significa o termo saudades e com saudades
também do caos, da pureza de pensamento, da sujeira, do barulho ensurdecedor
nas ruas, da alegria, da tristeza enrustida, das buzinas, do espiritualismo, do
silêncio, do hinduísmo por muitas vezes incompreendido, do caminhar com
sandálias rasteiras desviando dos cocôs sagrados das vacas (também sagradas),
de caminhar descalço na beira do lago em
pushkar, de acordar em frente ao ganges, dos macaquinhos bacanas da cara preta,
dos sapecas da cara vermelha, dos elefantes na estrada, dos amigos encontrados,
dos rituais diários ao pôr-do-sol e muitas vezes ao nascer, também, de todas as
cores do holi, das comidas, dos cheiros e sabores, do knaan café, do
autorickshaw, do rafik e do hari, do guru que jamais me lembraria o nome, mas
me disse coisas importantes na caminhada, das aulas de reiki, yoga e massagem,
dos diálogos inacabáveis, dos capuccinos que representavam o ocidente em muitas
manhãs com um chileno e dois italianos, dos queridos que pude reencontrar pouco
depois já na europa, dos que ainda vou encontrar por aí, de paharganj, rajastão
e rishikesh, onde me transformei e finalizei a escrita da festa do adeus,
saudades de toda a intensidade que aquela terra me proporcionou, o pior e o
melhor lugar que já estive na vida.
foram
40 dias, mas pareceu uma eternidade. e disso tudo fica apenas a certeza da
volta, quem sabe em breve. pois, "não sei ainda o que vai acontecer, se é
que vai acontecer, pois a Índia te transforma em algo sem que você saiba muito
bem o quê..."